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Setor Oeste

Anteprojeto do novo Código Civil entra em discussão no Senado Federal

Anteprojeto do novo Código Civil entra em discussão no Senado Federal

16 abr 2024

Novo texto traz mudanças e inovações em relação a família, doação de órgãos, animais, internet, inteligência artificial. Trabalho foi realizado por comissão de juristas

Em vigor desde 2003, o atual Código Civil (Lei nº 10.406/2002) traz as normas que determinam os direitos e os deveres de cada cidadão, dos bens e das suas relações no âmbito privado, tendo como base a Constituição Federal. Agora, um anteprojeto promete revisar e atualizar o texto. Ele é conduzido por uma comissão de juristas criada pelo Senado Federal.

O trabalho, até então, envolveu encontros, audiências públicas e discussões sobre as mudanças no Código Civil, com cerca de 280 sugestões. Entre os pontos de alteração estão mudanças no conceito e direitos de família, divórcio, inteligência artificial, implantação dos direitos dos animais, moderação de conteúdos digitais, entre outros.

Um desses pontos de mudança é em relação a doação de órgãos, em que não será mais necessária autorização familiar para fazê-la quando a pessoa falecida tiver deixado a permissão por escrito. Além disso, o novo texto estabelece que a vida começa com o nascimento com vida e termina com a morte cerebral, o que dará mais segurança para os casos de transplante de órgãos.

A reforma do Código Civil amplia também o conceito de família, que poderá ser formada por vínculos conjugais e não conjugais, formadas por mães ou pais solos, casal que tenha convívio estável, contínuo, duradouro e público. O texto traz ainda a possibilidade de reconhecer parentesco da socieoafetividade, quando a relação tem como o afeto e não vínculo sanguíneo.

O anteprojeto legitima a união homoafetiva acabando com as menções a homem e mulher nas referências de casal, passando a reconhecer simplesmente união entre duas pessoas, independente de gênero. Nos casos de divórcio, poderá ser solicitado de forma unilateral. Isso significa que uma pessoa só do casal poderá pedir a separação sem precisar de uma ação judicial. Após o pedido no cartório onde a união foi registrada, depois de cinco dias, caso não seja atendida a notificação pelo cônjuge, o divórcio será efetivado.

O ambiente virtual também está nas alterações. O objetivo é garantir direitos e proteção. No novo texto, a proposta é que as plataformas digitais sejam responsáveis por vazamento de dados de usuários e devem garantir segurança das informações. Já a inteligência artificial, nessas plataformas, deve seguir padrões éticos necessários.

E mais do que as mudanças para o Código Civil, a proposta é a criação de um livro complementar para tratar de assuntos voltados ao ambiente virtual com adendos especiais a exclusão de conteúdo e responsabilização, herança digital, crianças e adolescentes na internet e inteligência artificial.

A nova proposta traz também temas sobre modificações na maneira como os animais são reconhecidos pelo Estado, normas para reprodução assistida, proibição de barriga de aluguel lucrativa e comercialização de gametas humanos. A comissão de juristas aprovou a conclusão do anteprojeto. As discussões agora seguem no Senado Federal.